Circula nas redes sociais um suposto vídeo em que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, teria explicado como funciona o sistema de votação no país para o referendo que pretende anexar a região de Essequibo — província localizada na Guiana — à Venezuela.
Na legenda, a publicação diz: "Maduro está pronto para invadir a Guiana. Ele ainda debochou do sistema eleitor@l brasileiro", dizendo que a fala do líder venezuelano seria uma afronta às urnas eleitorais brasileira, pois há a impressão do voto como uma das formas de contabilizar. Entretanto, a informação é falsa.
O vídeo de Maduro está sendo tirado de contexto. Durante sua fala, ele não cita ou faz referência ao sistema de votação do Brasil, apenas explicando a forma de votar na Venezuela. Segundo ele, após a computação do voto na urna, um comprovante é emitido em papel, e ele deve ser depositado em uma urna, para que ele seja verificado após o final da votação.
A fala foi feita durante o Encontro com a Juventude em Defesa de Essequibo. Nele, Maduro disse: "Mais cômodo e seguro, impossível. Agora eu vou com o certificado, ele não fica somente na urna eletrônica como voto automático como em outros países, ela emite um certificado que depois é contado e checado com a urna eletrônica. Único sistema do mundo. Eu vou até a urna eleitoral [...]. Votei".
O vídeo da publicação ainda possui alterações na legenda. Na peça de desinformação, é colocado que Maduro disse "em certos países vizinhos” em determinado momento. Entretanto, ele diz: "como em outros países”.
O sistema de votação da Venezuela segue o Regulamento Geral da Lei Orgânica de Processos Eleitorais, de 2013. Nele, o eleitor vai a uma urna, pressiona os botões referentes ao seu candidato, e clica no botão "Votar". Segundo a legislação, "o voto ficará depositado eletronicamente nas unidades de armazenamento do sistema automatizado de votação”. Após esse processo, o comprovante é impresso, "no qual deverá ser obrigatoriamente depositado pelo eleitor ou eleitora na urna, para realizar a Verificação Cidadã”.
O referendo realizado no domingo (3) registrou uma votação com 95% dos eleitores a favor da incorporação do território de Essequibo ao mapa venezuelano.
A Guiana, país que atualmente detém controle sobre a região, reagiu com preocupação ao resultado. O vice-presidente guianense, Bharrat Jagdeo, afirmou que estão se preparando para o pior e buscando reforçar a "cooperação de defesa" com parceiros para proteger a integridade territorial.