Após o início dos trabalhos da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) no Banco dos Brics, foram resgatados tuítes em que a acusam de ter assaltado um banco durante o período de ditadura militar. A afirmação não possui provas, utilizando uma foto tirada de contexto da ex-mandatária.
A foto em questão é do interrogatório da acusação de "subversão" de Dilma. Ela sempre negou que tenha se envolvido em atos violentos durante o período. Além disso, não há comprovações do envolvimento dela em assaltos no documento do Superior Tribunal Militar (STM) , que se tornaram públicos em 2010.
A imagem em questão trata-se de uma publicação em que coloca em contraponto a foto do interrogatório de Dilma nos anos 1970, na sede da Auditoria Militar do Rio de Janeiro. Na época, Dilma foi presa em uma onda de repressão às organizações de esquerda, que foi promovida pela Operação Bandeirante (Oban). A foto é do fotógrafo Adir Mera, tendo a publicação original datada em 11 de novembro de 1970, pelo jornal Última Hora.
A comparação entre as duas imagens com a legenda " De assaltante de banco a presidente de banco. Nunca desista dos seus sonhos " e " Dilma Rousseff, em dois tempos... Na época da luta armada para tentar implantar o comunismo no Brasil, quando participava de ações de assaltos a bancos, e, agora, a Dilma "banqueira", "presidenta" do New Development Bank, o banco dos Brics... O tempo é o senhor da razão? Jura??? " surgem como forma de satirizar a nomeação de Dilma como presidente do New Development Bank (NDB), banco dos países que integram os BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Entretanto, a informação de que Dilma tenha assaltado bancos durante a ditadura é falsa. Em 1967, a ex-presidente entrou para o grupo de esquerda Organização Revolucionária Marxista - Política Operária (Polop), em Minas Gerais. Após isso, chegou a integrar aos grupos de luta armada contra o regime Comando de Libertação Nacional (Colina) e a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares).
A assessoria de imprensa e Dilma afirma que são inverídicos os boatos relacionados a ex-presidente, negando qualquer crime atribuído enquanto ela era militante contra a ditadura militar. A assessoria disse em nota "Os processos que resultaram em sua condenação jamais apontaram seu envolvimento nesse tipo de ação".
Boatos do tipo surgiram em 2016 na internet, citando dois casos específicos: em 1968, em agências do Banespa e do Banco Mercantil. Dilma nunca foi apontada como integrante dos grupos envolvidos nesses casos.
A Justiça Militar chegou a acusar Dilma de ter chefiado greves e assessorado assaltos a banco, mas nunca citaram quais foram eles e nem comprovaram a vinculação com a ex-presidente. Ela se pronunciou sobre as alegações negando qualquer participação.
Outro momento que Dilma foi citada em ações do tipo foi em um telegrama da Embaixada dos Estados Unidos de 2005. O embaixador do país em Brasília, Thomas Shannon, negou à Folha de S.Paulo que o governo estadunidense tivesse alguma informação que pudesse confirmar a alegação.