É falso que ‘Jornal Nacional’ noticiou falhas na segurança das urnas

Vídeo editado dá a entender que jornalístico da TV Globo apontou que processo eleitoral eletrônico teria se mostrado falho

Vídeo foi editado para mudar o sentido de notícia lida no 'Jornal Nacional
Foto: Reprodução
Vídeo foi editado para mudar o sentido de notícia lida no 'Jornal Nacional

Um trecho editado do “Jornal Nacional” voltou a circular em aplicativos de mensagens e redes sociais de vídeos. Nele, William Bonner e Ana Paula Araújo apontam duas possíveis falhas na segurança das urnas eletrônicas brasileiras. Sobre a imagem, há a inscrição “Primeira vez que a Globo fala a verdade”.

O vídeo em questão, apesar de real, está tendenciosamente editado para parecer que a notícia lida pelos apresentadores apontava vulnerabilidades do processo e relatório em questão seria uma novidade que contrariava as conclusões das demais entidades fiscalizadoras.

A reportagem em questão foi exibida originalmente em 9 de novembro de 2022 e tratava sobre o relatório feito pelo Ministério da Defesa do então Governo Federal para questionar o resultado das eleições presidenciais, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O corte compartilhado nas redes sociais não cita o nome do Órgão, ligado à gestão de Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas urnas.

O relatório cita dois pontos como sugestões de melhorias para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), embora não indique a existência de fraudes no último pleito. Essas indicações foram lidas por William Bonner e Renata Araújo. “O primeiro é que, segundo o relatório, o acesso à rede durante a compilação do código-fonte e consequente geração dos programas - os códigos binários - pode configurar risco à segurança do processo. O segundo ponto se refere aos testes de funcionalidade, realizados por meio do teste de integridade e do projeto-piloto com biometria.”

O vídeo termina com o jornalista dizendo: “Esses dois pontos contrariam frontalmente as conclusões das demais entidades fiscalizadoras, como o Tribunal de Contas da União e a Ordem dos Advogados do Brasil, que atestaram que o processo eleitoral é seguro e imune a qualquer vício”. O entanto, quando se observa o programa completo, Bonner complementa que a integridade do processo eleitoral brasileiro “também foi atestada por inúmeros observadores internacionais.”

Em outro trecho da notícia que ficou de fora do vídeo das redes sociais, os apresentadores citam uma nota do ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE. O texto enfatiza que o relatório “não apontou a existência de nenhuma fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral” de 2022. O ministro ainda cita que as sugestões enviadas pelo Ministério seriam “oportunamente analisadas” e as eleições comprovaram “a eficácia, a lisura e a total transparência da apuração e da totalização dos votos.